O ressentimento não é um conceito da Psicanálise, ele é uma categoria do senso comum, a incapacidade de perdoar algo que lhe faz muito mal.

Não é que a pessoa não consegue esquecer, ela não quer esquecer, perdoar,ela não deseja por mais que afirme que sim.

O ressentimento pode se caracterizar como um aglutinado de sentimentos que ao se juntarem acabam formando um só.

A pessoa ressentida estabelece uma dependência infantil de outra pessoa, uma proteção da solidão, desemprego, doença, que remetem a um desejo de proteção infantil. Ela delega ao outro a capacidade de fazê-la feliz e cuidar dela e muitas vezes essa proteção não acontece, isso não importa, o que importa é o vínculo e que ela não se sinta desamparada. O ressentido remoe, não fala e assim essa magoa e raiva se volta para ele, como agressividade da própria pessoa.

Para o ressentido, sonhos e desejos de vingança não são ditos e esta vingança não acontecerá e esse ódio reforça ainda mais o ressentimento. A pessoa não escolhe conscientemente ser assim, a sua historia de vida ou experiências anteriores podem influenciar bastante nesse processo.

  1. Às vezes se estabelece um pacto de dependência que pode se tangenciar a um masoquismo. Ex: “Faço o que quiser, mas não me deixe desamparada”.
    Ex: Deposita todos os desejos e desamparos no outro e o outro não corresponde e então a pessoa fica ressentida e se vitimiza.
  2. O ressentimento acusa o outro, mas não é dito (o ressentido é um covarde moral, é incapaz de reagir).
  3. Guardar raiva, mágoa é complicado. Ex: “Vou tentar aguentar”; “Ruim com ele, pior sem ele”.

Não tem desejo maior no ser humano do que o de submissão, o que queremos é que cuidem de nós e que arquem com as coisas que acontecem com a gente.

Se todo esse ressentimento fosse colocado para fora não precisaria alimentar o ressentimento e é aí que entra o tratamento psicanalítico.

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