Introdução

Segundo Dolto, o pai tem um grande significado na vida de uma criança, e seu nome não está limitado à sua presença e sim ao fato da mãe referir-se a ele. Tudo aquilo que é sentido pela criança em relação ao pai é fruto do imaginário da mãe, ou seja, tudo o que se transmitiu a ela, como sonoridades tristes ou alegres da voz, quando se fala do pai. Mesmo que a criança não carregue o sobrenome paterno, ela sempre será a resposta de um pai ao desejo de uma mãe.

Objetivo: Este trabalho teve como objetivo proporcionar um espaço de escuta ao cliente, de forma que ele pudesse expressar sua busca por seu pai, através da fala e do brincar. Foram utilizadas observações, interpretações, intervenções e análise de caso embasadas no método psicanalítico, que capta aspectos do inconsciente e trazem ao consciente.

Metodologia

Ocorreram duas entrevistas com a mãe para compreender o motivo da consulta como para coletar dados do cliente e horas de jogo com a criança para o diagnóstico, seguidos pela devolutiva para ambos, realizadas no consultório de psicologia. O cliente, que é do sexo masculino, tem quatro anos de idade, sua queixa refere-se ao pai desconhecido e o material utilizado foi uma caixa lúdica.

O processo terapêutico constituiu-se de sessões semanais e individuais. Durante as sessões foi analisada a linguagem verbal e pré-verbal, através do lúdico. A escuta e as intervenções analíticas utilizadas foram psicanalíticas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

  • O cliente mostrou-se participativo e receptivo durante as sessões.
  • Demonstrou conhecer símbolos , animais e ter facilidade em articular as palavras.
  • Buscou a aprovação da psicóloga querendo sempre presenteá-la para que esta o aceitasse e gostasse dele.
  • A criança em questão através do seu brincar despe a figura masculina que diz ser o pai. O pai com o qual busca entrar em contato, desvelando o mistério que este lhe é.
  • O auxiliou para que este pudesse lidar melhor com aspectos do seu mundo interno o qual envolve fatos do contexto familiar.
  • Mãe interdita qualquer tipo de vínculo da criança com o pai.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos dados trazidos pelo cliente em sessões foi possível estabelecer uma aproximação do cliente com seu pai desconhecido através de seu brincar e fantasiar onde despiu o pai para descobri-lo e também através da fala pôde fornecer informações significativas ao tratamento. A psicoterapia possibilitou à criança entrar em contato com aspectos do seu mundo interno os quais envolve fatos do contexto familiar.

A história de vida do cliente o levou a sofrer algumas castrações e o papel da psicóloga foi ajudá-lo a simbolizar sua negação da realidade diante de seu pai. E sua escuta permitiu que a criança encontrasse novas energias e caminhos a seguir, reencontrando a si mesma e também o pai dentro dela.

REFERÊNCIAS

DOLTO, F. Seminário de psicanálise de crianças 2. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1990. 156 p.
ABERASTURY, A.; SALAS E. J. A paternidade: um enfoque psicanalítico. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas. 1984. 96 p.

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